JOÃO UBALDO RIBEIRO CENSURADO... DE NOVO
COM UM INTERVALO DE 10 ANOS, O GRUPO DE SUPERMERCADOS AUCHAN (JUMBO) REPETE UM ACTO DE CENSURA SOBRE A LIVRE CIRCULAÇÃO DE UM ROMANCE DO ESCRITOR BRASILEIRO JOÃO UBALDO RIBEIRO, PRÉMIO CAMÕES DE LITERATURA, ACUSANDO O LIVRO DE PORNOGRÁFICO.
10 anos após ter impedido a venda nas suas lojas (Jumbo) do romance “A Casa dos Budas Ditosos”, do escritor brasileiro João Ubaldo Ribeiro, o Grupo Auchan reincide no mesmo acto censório, tomando decisão idêntica relativamente a uma nova edição, agora lançada no mercado pelas Edições Nelson de Matos. Juntando-lhe desta vez o romance Viva o Povo Brasileiro, “retido para apreciação e decisão” pelo responsável pelas compras do hipermercado (Sr. Fernando Fernandes).
Pelo conjunto da sua obra literária, na qual se incluem estes romances, João Ubaldo Ribeiro foi, em 2008, galardoado com o Prémio Camões, o mais importante prémio literário atribuído em língua portuguesa.
Do Júri deste Prémio (criado em 1988 pelos Governos de Portugal e do Brasil) fazem parte importantes intelectuais portugueses, brasileiros, e de outros países lusófonos. Em 2008, ano em que o Prémio foi atribuído a João Ubaldo, fizeram parte do júri Maria de Fátima Marinho, catedrática da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Maria Lúcia Lepecki, catedrática da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Marco Lucchesi, escritor e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, João Melo, poeta e jornalista angolano, e Corsino Fortes, embaixador e presidente da Associação de Escritores Cabo-verdianos. O prémio foi anunciado publicamente pelo Ministro da Cultura de Portugal, José António Pinto Ribeiro.
Este ano, a Feira do Livro de Lisboa terá como tema base o Brasil e a sua cultura, sendo esperadas diversas manifestações relacionadas com as relações entre a cultura portuguesa e a brasileira.
Neste contexto, esta interferência de um grupo de supermercados na livre circulação de uma obra de um escritor brasileiro com esta dimensão, além de ilegítima, é particularmente ridícula e inamistosa. João Ubaldo e a sua Família viveram em Portugal durante algum tempo a convite da Fundação Calouste Gulbenkian, o escritor tem em Portugal muitos amigos e relações variadas, após algum tempo de ausência do mercado, a sua obra começou este ano a ser republicada pelas Edições Nelson de Matos.
Considerar este seu romance como “pornográfico” demonstra a incapacidade interpretativa e a gaguez de espírito de quem se atreveu a tomar tal decisão. Mas, para além disso, impedir a circulação dos livros é um acto intolerável de censura que não pode ser consentido sem a adequada indignação e intervenção das autoridades.
“Só nos faltava, de novo, este atrevimento... um acto que envergonha todos os portugueses” - diz com indignação e sem mais comentários o editor português.
OUTROS COMENTÁRIOS:
http://wwwcontamehistorias.blogspot.com/2009/04/santa-ignorancia.html
http://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/452633.html
“que o povo volte às livrarias e deixe os hipermercados prás margarinas.”
Beijos pra ti
Cláudia Moura
Jornalista da revista Notícias Magazine
http://ler.blogs.sapo.pt/
http://blogtailors.blogspot.com/2009/04/analfabeto-fomenta-compra-e-espera-se.html
LAMENTÁVEL... DIFÍCIL ACREDITAR...
Manuela Ribeiro___________________________________________
Organização das Correntes d'Escritas, onde João Ubaldo já esteve presente por duas vezes.
Mensagem do Autor dirigida a Ancelmo Góis, cronista principal do jornal brasileiro O Globo:
"Querido Ancelmo,
Só para mostrar como este mundo é curioso. No mesmo dia em que eu recebia a notícia de estar sendo mais uma vez censurado em Portugal, assinei contrato para a publicação em inglês do mesmíssimo livro, em tradução de Clifford Landers (que também traduziu “O Sorriso do Lagarto”), com o título de “The House of the Fortunate Buddhas”. A prestigiosíssima editora, conhecida pela suas edições de clássicos universais, se chama Dalkey Archive Press e é vinculada à também prestigiosa Universidade de Illinois. Enquanto isso, na brava Lusitânia, onde no geral os brasileiros são tão apreciados quanto percevejos, entro na galeria dos pornógrafos proscritos e o “Viva o Povo Brasileiro” ainda está sendo examinado para ver se pode ser vendido na rigorosa rede. Pôde ser adotado duas vezes (o máximo que a lei permite) pelo Ministério da Educação da França como o livro-texto para o Exame de Agregação de língua portuguesa, mas tem que ser examinado por vendedores de supermercado, para ver se é leitura permissível aos portugueses. Abraços moralizados do velho
João Ubaldo, 28.04.2009
Só para mostrar como este mundo é curioso. No mesmo dia em que eu recebia a notícia de estar sendo mais uma vez censurado em Portugal, assinei contrato para a publicação em inglês do mesmíssimo livro, em tradução de Clifford Landers (que também traduziu “O Sorriso do Lagarto”), com o título de “The House of the Fortunate Buddhas”. A prestigiosíssima editora, conhecida pela suas edições de clássicos universais, se chama Dalkey Archive Press e é vinculada à também prestigiosa Universidade de Illinois. Enquanto isso, na brava Lusitânia, onde no geral os brasileiros são tão apreciados quanto percevejos, entro na galeria dos pornógrafos proscritos e o “Viva o Povo Brasileiro” ainda está sendo examinado para ver se pode ser vendido na rigorosa rede. Pôde ser adotado duas vezes (o máximo que a lei permite) pelo Ministério da Educação da França como o livro-texto para o Exame de Agregação de língua portuguesa, mas tem que ser examinado por vendedores de supermercado, para ver se é leitura permissível aos portugueses. Abraços moralizados do velho
João Ubaldo, 28.04.2009
Prof. Maria Lúcia Lepecki: Quanto ao que se passa com o livro do João Ubaldo:De facto, há coisas que só vistas. Eu compreendo totalmente e apoio a tua posição sobre o assunto...
http://teatro-anatomico.blogspot.com/2009/04/bookcrossing.html
http://cadeiraovoltaire.wordpress.com/2009/04/27/ainda-a-censura-a-joao-ubaldo-ribeiro/
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